quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Tentando (re)entrar nos trilhos

A compulsão alimentar, pra mim, é um trem descarrilado. Enorme, vem com força, com fúria, arrastando o que estiver pela frente. As consequências são igualmente desastrosas: ganho de peso insidioso, desarranjos metabólicos, ameaça de doenças, diabetes, esteatose hepática, gastrite, refluxo.

Esses últimos 3 dias têm sido (mais uma) tentativa de pôr a alimentação de volta aos trilhos, tentando restabelecer o autocontrole na hora das refeições e, principalmente, fora delas. É preciso reconciliar o prazer de comer com o comer saudavelmente. Ou ainda, dissociar a ideia de alimentação como recompensa das frustrações cotidianas.

Me lembro de uma conhecida que,querendo marcar uma consulta com uma nutricionista, resolveu preencher o questionário que antecedia a visita. Ali, revelou se deixar levar até pela pipoca doce vendida no sinal de trânsito. Recebeu como resposta da nutricionista que ela procurasse primeiro um psicólogo.

A princípio, pode parecer grosseria por parte da profissional; mas, na maioria das vezes, nossos desarranjos nutricionais são sim resultado de questões psicológicas, stress, traumas, frustrações. Não é da alçada dela. Centrar esforços para manter um dieta saudável sem estar minimamente estável emocionalmente é impossível. 

Primeiro, porque comer é bom demais! Segundo, porque comer mal, além de saboroso, é fácil demais: em qualquer esquina vende uma paçoca; em qualquer semáforo aparece um caramelo no seu retrovisor; todos os eventos sociais acabam em pizza. E, por fim, não é ilegal, nem imoral; só engorda.

Por óbvio, um descarrilamento não ocorre por conta de um único fator, mas pela soma de elementos contingentes. E, ás vezes, são as coisas mais diminutas que impulsionam a tragédia: uma paçoca ou um caramelo do sinal.

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